Olá, tudo bem?
Minha gata Bella está em um tratamentozinho chato no bumbum e eu vivi o mês de maio na mais completa angústia. Pode ter motivo ou não, pois ela está com os exames de sangue ótimos para uma gatinha de 14 anos e 5 meses, o rim tá supimpa, come e bebe bem, etc. Mas cicatrização que é boa, só o tempo dirá. Dou esse relatório médico porque desde 2020 tenho sofrido junto às minhas 4 pets em clínicas e hospitais veterinários. Hoje só tenho ela, deu tangolomango em todas. E em todas as vezes esses acontecimentos me adoeceram também, mental e emocionalmente, porque aparentemente sinto com a cabeça e penso com o coração. Daí que a news pode não estar muito bem das ideias esse mês, mas farei o meu possível.
LENDO 📚
Terminei Peter Pan, e infelizmente não comprovei a teoria que disseram de que Hook era o vilipendiado. Mas, ainda assim, é meu personagem favorito. Penso que essas teorias são uma moda regada de anacronismos da década de 2020, onde as pessoas sentem necessidade de vitimizar os entre aspas “vilões” dos clássicos: aconteceu com Malévola, com Hook, com Medusa e outros mitos gregos. Eu gosto desses personagens justamente porque são a representação do mal, ou simplesmente do anti-herói, que é outra coisa. Por isso, por exemplo, meu quadrinho favorito é Watchmen. Todo mundo ali faz coisa errada, o que os torna humanos. E errada mesmo para mim é essa releitura moldada para redes sociais, porque ela 1) não traz fontes nem referências; 2) tenta engolir o passado e apregoar opiniões morais do presente (porque não são verdades, são apenas opiniões mal aprofundadas). Não vou me ater ao tema, porque ainda não li o que quero ler sobre os mitos, e porque sei que não dá para colocar juízo de valor em seres que nem humanos são. Porque juízo de valor é coisa de humano. Mesmo sendo mitos de criação humana, ainda assim falam mais da humanidade que os criou, do que da que os lê dois, cinco, seis mil anos depois. A nossa moral e nossa linguagem muito pouco tem a ver com a de quem já morreu há milênios. Mas que há base histórica, filosófica e linguística para destruir (porque não gosto de “desconstruir”) argumentos de rede social, ah, há. Há e muito.
{Pode conter spoilers} Voltando a Peter, a história não é excelente, mas o final é triste. Não me afeiçoei ao menino em nenhum momento, exceto por um: o esquecimento. Mas lembrar e esquecer, dependendo das circunstâncias, são tanto bendição como maldição. No mais, é um bom texto sobre morte, e sentir isso nos últimos parágrafos foi muito gratificante. Mas o miolo, a descrição dos acontecimentos de Neverland me deixou mesmo entediada. O ponto alto foi a narração dos sentimentos de Hook quando viu o menino dormindo e teve a chance de confrontá-lo. Só.
JUNG, Carl. Psicologia do Inconsciente. Não sou da área, mas adoro ler sobre psicologia, especialmente quando se trata de Jung, sincronicidade, inconsciente e símbolos. Ele é fenomenal. Esse texto é o básico para todo o seu pensamento, e resolvi ler porque me ajuda em vários setores da vida, especialmente os simbólicos. É dele também O Homem e seus símbolos, que amo, e O Livro vermelho, que só tenho a versão enxuta sem suas incríveis imagens.
SHAKESPEARE, William. Júlio César. Li esta tragédia no dia em que minha gatinha adoeceu, porque, graças a Chapolin Colorado e Eu, a Patroa e as Crianças, sei duas frases de cor desde criança e queria usar uma delas: “Até tu, Brutus?” (que na peça é Et tu, Brute?) e “Amigos! Romanos! Conterrâneos! Emprestem-me seus ouvidos” (esta é a fala do dublador do Michael Kyle, mas tem o mesmo sentido das traduções dos textos, só que diferente), falas, respectivamente, de Júlio César e Marco Antonio. Olha, eu já li e vi Hamlet, já vi Macbeth, já vi Romeu e Julieta e O Mercador de Veneza. Mas a leitura shakesperiana que mais me tocou até o momento, por algum motivo (talvez por eu ter nascido em julho, ou por meu pai se chamar César), foi Júlio César. Que sabor de peça. Mesmo com seus anacronismos, porque ninguém é perfeito, e não quero basear minhas opiniões sempre em detalhes acadêmicos: talvez pelas falhas que tenha sido minha favorita.
Bruto — Fado, mostra
o que de nós pretendes. Que haveremos
de morrer, já o sabemos; é só o tempo
e a sucessão dos dias que a esse ponto
deixa os homens aflitos.
Casca — Quem vinte anos
tira da vida, encurta de igual tempo
o medo de morrer.
Não estou lendo, mas como estou sentindo, indico muito o livro Angústia, de Graciliano Ramos. É meu livro favorito dele até hoje e vale minha releitura, já que se passou uma década. A cena dele no bar é a minha favorita e jamais saiu da minha cabeça.
VENDO 📺
Casa da Flor foi indicação da minha amiga e professora Maria Diel, depois de eu ter mandado para ela fotos de uma casa francesa que começou de maneira parecida. La Maison Picassiette conta a história de Raymond Isidore, um coveiro francês que levava caquinhos de azulejo/cerâmica para casa, e que construiu cada pedacinho dela com mosaicos, sendo portanto uma obra de arte. A mesma coisa (e no mesmo período) aconteceu no Brasil, em São Pedro da Aldeia—RJ. Gabriel Joaquim dos Santos construiu “uma casa feita de caco e transformada em flor”:
Hometown Cha Cha Cha — umas amigas me animaram para assistir k-drama e acho que já comentei de My Secret Romance aqui. Agora já era, minha gente: viciei. Drama fofo é meu sobrenome, adoro casais que se amam e pensam que se odeiam, que são moralmente melhores que o outro, mas falham e se dão lição de moral, e se apoiam, e sempre tem idosos e comida. Preparem-se: essa série é 95% comida. Se até hoje eu não esqueço o mingau de abalone do dorama anterior, essa daqui vai me deixar com fome para sempre, afinal minha comida favorita vem do mar. E todo mundo é lindo, simpático, os dias nublados são fofos, e agora mando emoji de coraçãozinho k-pop a torto e a direito. Essa categoria de entretenimento completamente apolítico e antinatural é um escape melhor da realidade que meus Hallmark movies de natal. Ah! A melhor parte quase esqueci de dizer. No fim do primeiro ou segundo episódio vi escrito: “Legendas: Jéssica Bandeira”. Esta é simplesmente minha amiga
!!!O Rei do Gado — não acompanho 100% da novela, e já vi isso ou aquilo desde quando era inédita. Mas tem algumas coisas que me surpreendem e vou dizer: o Fábio Assunção é realmente lindo. Na época eu não achava, porque tinha 4 anos e com 4 anos eu tinha “medo” de homem de cabelo grande (na verdade era desejo, Freud deve explicar) e raiva do Marcos Mezenga. Acho que vou ter que voltar a visitar a PUC, agora que ele é aluno de Ciências Sociais lá (brincadeira! …ou não). A Luana, ou Marieta Berdinazzi, é muito chata, cara. Amo a Patrícia Pilar mas porra, não sei se é trauma da duplamente chata remake da Juma Marruá, mas me irrita mulher cabeça-dura, essas duas só reclamam (será que estou falando de mim?). O único casal que presta nessa novela, e o maior motivo para eu assisti-la: Geremias e Juditinha 🤩 Desde pequena sou alucinada pelo Raul Cortez, e nessa novela não é diferente. Mas agora outra crítica! Quando comentei a cena brinquei que Benedito Ruy Barbosa era “à frente de seu tempo” por falar de movimento sem terra e idosos transando. Mas já me corrigi dizendo que nada disso é à frente do tempo, já que isso tudo é tão antigo quanto a humanidade. Acontece que a internet é um antro de “precisamos falar sobre…” e o adolescente ou militante acham que estão trazendo uma novidade, mas o que eles descobriram foi… a roda. A roda, essa novidade de milênios. Então não é vanguarda nenhuma um Raul Cortez de 64 anos e uma Walderez de Barros de 56 se pegando de noite, de manhã, na hora do almoço embaixo do mosquiteiro numa novela. É que o jovem não sabe que idoso transa e fica inventando mil problematizações das coisas mais cotidianas e banais. Eu quase caí nesse buraco, só porque quase não tem idoso se pegando nas novelas atuais. A gente se contamina pela forma de pensar da nossa contemporaneidade e fica besta assim. Agora mesmo descobri que a Alemanha está querendo investigar o Roger Waters por um uniforme que ele usa em shows DESDE 1980, e muita gente provavelmente vai concordar com a Alemanha, simplesmente porque não estuda história nem nunca assistiu a Pink Floyd—The Wall e agora toda verdade é mentira e vice-versa. Obviamente a Alemanha só está fazendo isso porque é parça da OTAN neste conflito, a quem Roger e eu nos opomos. Mas estou divagando demais em outros temas, deixa eu postar o meu casal:
Sons of Anarchy — comecei a ver ano passado porque tive meus momentos “preciso de uma motocicleta, um 4x4, um galpão, whiskey, couro, maçarico e porradaria” — nada disso aconteceu ainda, e eu perdi um pouco dessa gasolina mental —, e pensei: vou ver essa série de motociclistas com um protagonista tão bonito. A primeira cena tem um par de corvos na estrada, o que me fez querer continuar. Não gamei nos cinco primeiros episódios e deixei de lado por meses, até descobrir que não me interesso tanto pelo Jax, mas sim por seu amigo Opie. Agora acabou a primeira temporada e consigo gostar de quase todo mundo igual! Como disse de Watchmen: ali só tem coisa errada tentando ser certa, e amo quem pelo menos tenta. Eu tenho uma pasta antiga salva no instagram chamada riders, para quem eu acho atraente demais (rsrsrs), e descobri só vendo essa série que a capa da pasta era o Opie, ou seja: soulmate ♥. Homem calado, com princípios e que não gosta de risadaria e extroversão, está sempre assim com vinco entre as sobrancelhas >:( mas é carinhoso = ♥♥♥
Achei que tinha dito, mas aparentemente não, mas conheci The White Buffalo pesquisando sobre a série. Fiquei fã dele antes mesmo de assistir. E um P.S.: até o criador, Kurt Sutter, é bonitão pra caramba, meu deus do céu.
OUVINDO 🎧
Aprendi muita coisa com o Rodrigo Branco, radialista da KissFm e DJ. Sempre cito ele em algum gosto musical muito específico meu, como no caso de Mike Oldfield, trilha sonora de O Exorcista. Não foi diferente com Ougenweide: não sei se ele tocou na Kiss, ou se postou no Orkut (para ver como faz tempo que ouço essa banda), mas fato é que amo, amo, amo Ougenweide. É uma banda de rock progressivo alemã dos anos 1970, um folk medieval, coisa assim. Tanto que cantam em alemão antigo (mais especificamente “alto-alemão médio”, e algumas canções têm tradução do alemão para o alemão hahaha (obviamente vou aprender alemão). Um dos compositores que eles resgatam é Walther von der Vogelweide, do século 12, que compôs Wol Mich Der Stunde e é considerado o maior poeta alemão antes de Goethe. Totus Floreo também é famosa: de Carmina Burana, já vi ser tocada ao vivo por Corvus Corax, com gaitas de fole, tambores e outros instrumentos típicos medievais. Agora um mistério para mim é a música Engelboltes tochter aven, do disco Ohrenschmaus, ter sumido completamente da internet. Ainda bem que sou da época do 4shared 🦜. É absolutamente bonita. Minha segunda favorita é Pferdesegen (Contra Uermes), e o disco que mais ouço o Liederbuch:
Fora isso, eu basicamente ouvi o melhor do flashback, chorei com a morte da Tina Turner, me entristeci pela da Rita. Foi um mês bagunçado e não me lembro muito bem das coisas.
INDO 🚶🏻♀️
Kennedy me levou na Feira do MST no Parque da Água Branca onde Wipsley trabalha (meu parque favorito da cidade desde os tempos da PUC, pois tem galinhas, gatos, patos e/ou gansos, e PAVÕES). Os dois meus amigos das ETECs de biblio e museu se conheceram e esse breve passeio me deixou muito feliz!
Preciso fazer um mea culpa aqui: critiquei o rolê do mês passado, mas puramente por charme. Assim como Guy de Maupassant, visito lugares que critico (e no meu caso às vezes me divirto). Adoro os desafios do
de conhecer lugares novos e diferentes. E a feira do MST foi tão boa que não me incomodei com nenhum dos hipsters da classe média paulista, até porque enchi meu buchinho de carne de bode com macaxeira e cuscuz, mais suco de cajá. E voltei para casa com um cacauzão de R$5,00 pra mamãe. Agora sim uma crítica: não ao MST, que faz tudo saboroso e saudável, não ao parque, nem aos santa ceciliers, mas ao cacau. Eu achei que cacau era tão gostoso quanto chocolate. Não é. Parece qualquer parente de fruta do conde (que também não gosto). Mas diz minha amiga Gil que é ótima uma caipirinha de cacau, que você bebe no cacau mesmo. E recebi um vídeo de uma moça fazendo chocolate em casa com um cacau. Quando eu tiver uma casa estruturada e paciência, vou fazer meu próprio chocolate com o cacau saudável do MST e relato minha experiência.O ESTÚDIO 🦅
Foi um mês agitado nas redes do estúdio, tanto que meu plano de ser anti-rede-social foi para o brejo kkk
Comemorei a Noite de Valburga, que conheci no curso do professor Claudinei quando li Fausto. É num resumo do resumo, a noite em que a bruxa tá solta, e coincide também com Beltane. Fiz dois posts para comemorar, um reel do Mefisto lindo no filme do Murnau, e outro em que cito brevemente uma das maiores composições do Sabbath, que é justamente a respeito deste tema.
Depois, montei um carrossel contando um pouco sobre a costura copta, que é a costura elaborada que mais vendo aqui no estúdio. Você sabia que ela é tão velha quanto o cristianismo? E você sabia também que há 3 papas no mundo, e um deles não é católico, mas sim copta? O mundo teológico é muito maior do que se pensa, me interesso muito. Especialmente pela fé “desértica” e dos sertões. Mas essa pesquisa ainda é uma gestação no início. Fique com a parte dos cadernos que é a única que sei (e pouco, ainda):
Tem caderno disponível na loja, e em breve coloco mais. Caso queira encomendar, entre em contato!
O mês de maio é muito especial para mim: é aniversário da minha irmã, que é o amor de minha vida, no dia 8, o aniversário de vovó Ritinha e de morte de tio Russell (na mesma data, dia de Santa Rita de Cássia). O adoecimento da minha gata, a TPM (que suspeito ter virado algo próximo de TDPM) e outros existencialismos podem ou não ter sido a causa de uma onda de luto que se abateu novamente sobre mim. Uma amiga disse que luto é pra sempre, e talvez seja esse o caso. Mamãe falou que nem sempre chora, mas esse ano chorou. Eu também. Como escrever me anima, ou me esvazia (e me preenche), escrevi sobre o tema em stories e expliquei a monotipia-capa do meu perfil em post, que tem a ver com tudo isso.
Bom, é isso pessoal. Mês que vem espero ter feito mais coisas, ter escrito mais e melhor, ter vivido mais e me angustiado menos. A vida é movimento então vamos nos mover!